Os avanços do enfrentamento à violência contra a mulher foram tema principal de uma palestra em alusão ao Agosto Lilás, na última quinta-feira (07/08/2025), em Tangará da Serra. O evento promovido pela Prefeitura, na Associação Comercial e Empresarial de Tangará da Serra (ACITS), abordou questões estruturais envolvendo a Lei Maria da Penha e Políticas Públicas.
Coordenada pelo Gabinete de Políticas Públicas para Mulheres (GPPM), a palestra da Campanha do Agosto Lilás foi realizada em parceria com a Comissão da Mulher Advogada (CMA) da 10ª Subseção da OAB. A exposição, ministrada pela procuradora municipal e coordenadora da CMA OAB de Tangará da Serra, Larissa Guedes, abordou as ações de enfrentamento à violência contra a mulher, com informações sobre as políticas públicas desenvolvidas desde 2021.

A programação realizada contou com a presença de autoridades, representações municipais e público geral na abordagem da temática. A palestrante Larissa Guedes encorajou as mulheres tangaraenses e explicou sobre as leis que as protegem. “Qualquer tipo de ato de desamor, precisa ser combatido com ação efetiva, hoje, que todas nós passamos a compor essa rede. É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à mulher o exercício de seus direitos fundamentais”, disse.
Para a Primeira-dama e Coordenadora do GPPM, Silvana Ló Masson, a rede de atendimento à mulher em situação de violência é um marco para tornar visível os casos silenciados. Ainda durante o encontro, a Primeira-dama homenageou a advogada Ana Emília Iponema Brasil Sotero, que atuou ativamente nas atividades de combare à violência contra a mulher no Estado de Mato Grosso e faleceu no mês de julho deste ano. Durante a homenagem, foi proposto um minuto de silêncio, em memória de Ana Emília

“Sua última participação pública foi como palestrante na 2ª Conferência Municipal de Políticas Para Mulheres, aqui em Tangará. Ela rodou o Mato Grosso capacitando gestoras, servidoras, conselheiras e construindo redes de enfrentamento à violência contra a mulher”, explicou Silvana.
Ana Emília era assessora técnica multidisciplinar da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário de Mato Grosso (Cemulher-MT), advogada, professora e especialista na Lei Maria da Penha.
O prefeito Vander Masson participou do evento e afirmou que o município contribuirá para os avanços na rede de proteção à mulheres vítimas de violência. Ele ainda pontuou trabalhar na promoção da segurança pública no município, que impactará diretamente no apoio às mulheres tangaraenses.
A Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher
No aniversário de 19 anos da Lei Maria da Penha, a exposição discutiu dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025. No Brasil, uma mulher foi assassinada a cada seis horas em 2024, totalizando 1.492 feminicídios. Com relação ao estupro de mulheres, mais de 71 mil casos foram notificados, com um percentual alarmante de vítimas menores de idade.
Entre as 555 mil medidas protetivas de urgência concedidas, mais de 100 mil foram descumpridas. Com isso, 121 mulheres foram assassinadas mesmo após obterem medida protetiva.
O Estado de Mato Grosso ocupa o 1º lugar no Ranking Nacional de Feminicídios, com 2,5 mortes por 100 mil mulheres. O município de Tangará da Serra ocupa atualmente a 7ª posição nacional em registros de estupro e estupro de vulneráveis, com 99,5 casos por 100 mil habitantes. Com um crescimento de 67,2% em relação à 2023.
Neste sentido, os números elevados em relação à Tangará da Serra não indicam, necessariamente, que houve aumento real da violência. Eles podem ser reflexo do aumento de denúncias e investigações ágeis, relacionadas aos casos de estupro no município.
Com a implementação do Fluxo de Atendimento à Criança e Adolescente Vítima de Violência, casos não notificados foram denunciados na Rede de Proteção. Além disso, a atuação conjunta do Judiciário, da Delegacia da Mulher, da Patrulha Maria da Penha, das secretarias de Saúde, de Assistência Social e de Educação tornaram possível contabilizar com mais precisão os casos de violência, por meio do acolhimento e forças-tarefa.

“Tangará da Serra mostra que não há enfrentamento sem estrutura, sem escuta, sem responsabilização […] o compromisso institucional está transformando nossa cidade em referência de enfrentamento e proteção”, discursou Silvana Ló Masson.